Pensando bem, quem usa ICQ? Como alguém conseguia decorar os ids numéricos para adicionar uma pessoa que conhecera ou colegas ou amigos ou, sei lá, o Bill Gates? Não vivi nem senti a emoção e a febre do mensageiro instantâneo mais famoso de todos, não participo dos cerca de 40 milhões de usuários ativos e nem ajudei a quebrar recordes e recordes de quantidade de downloads nesses sites por ai. O interessante é que, com o advento de novas tecnologias de comunicação e colaboração, sistemas como o ICQ vão perdendo mercado dia após dia. Perdendo pra quem? Podemos dizer que o Google Wave, eleito por uma notícia de um blog qualquer a melhor inovação do ano de 2009 e que ainda continua confuso para muitas pessoas, é que está migrando pessoas da velha guarda para a vanguarda? Ouviu “Ah! O ICQ é uma merda, não tem como eu arrastar um link pra dentro dele e o sistema monta uma arvore de natal cintilante, pulando e com um bot dizendo ‘Feliz Natal cidadão!’, ou melhor ‘Merry Christmas, Citizen'”?.
Muitos acreditam na marginalidade de sistemas dizendo que eles não servem pra nada, que não há como uma pessoa em sua sã consciência utilizar uma aplicação tão “ultrapassada” como tal. Eles estão equivocados, eu diria! Muitos ICQs por ai revolucionaram a maneira das pessoas se comunicarem e interagirem entre si. Não é uma aplicação banal como aplicações que vão surgindo somente para dar mais opções ao mercado prostituído de aplicações de comunicação e colaboração. Lembro-me de uma disciplina de verão que fiz no inicio da universidade. Fomos ao laboratório estudar a viabilidade do TabletPC para o ensino acadêmico. Nos deparamos com muitas aplicações que faziam a mesma coisa. Uma mudava uma funcionalidade, outra trocava o nome de um menu, mas todas chegavam a um ponto comum: utilizar o Tablet para o ensino. A definição de concorrência nesse caso é ver quem mais inunda o mercado com aplicações clonadas uma das outras.
ICQ inovou! Assim como muitas outras aplicações que hoje são consideradas obsoletas. Kazaa, com seu compartilhamento de arquivos – e vírus – transformou o mundo um local mais fácil de compartilhar arquivos com pessoas que você nem conhecia (e ainda não vai conhecer pra falar a verdade). Por outro lado, com torrents e servidores de arquivos habilitando novos tipos de conexões entre usuários, muitos deixam de usar aplicativos como o Kazaa para obter maior performance da sua banda larga de 20 Mbps. Estão certos, estou certo. A evolução estimula a mudança de todos inclusive dos analfabetos digitais que teimam querer deixar o computador ligado madrugada adentro por pensar que o download vai ser melhor e a conta de internet vai vir mais barata – acredite, ainda existem pessoas assim, mesmo com banda larga em casa.
Alguns sistemas para não sofrerem depreciação no mercado mudam, fazem de tudo para perdurar o máximo de tempo nas mentes e nos computadores das pessoas. Um ótimo exemplo e o pacote Office da Microsoft. É clara toda as mudanças que foram feitas desde a primeira versão datada de 1983 para o MS-DOS (outro que teve que evoluir para não falir, rimou) até a mais recente versão demo beta do Microsoft Word 2010. Mudanças básicas e necessárias são feitas quase que de forma padronizada em todas as aplicações: mudanças na interface gráfica e adição de novas funcionalidades. A aplicação vai parecendo um pendulicário de botões e funções. Bom, o usuário acha ‘legal’ e intuitivo. É isso que faz com que os sistemas se tornem “da hora”. A Microsoft é expert no assunto de mudar para se manter. Essa é a onda (Ops! Esse termo é do Google).
Então sistemas nascem, crescem, se popularizam, saem da versão beta, batem recordes, enfrentam concorrências inovadoras (ou que repetem o inovador de uma forma inédita), entram em desuso e se tornam obsoletos. Essa é a verdade. Acredite se quiser, mas twitter, facebook, Adobe AIR e suas aplicações ainda vão morrer pela mesma motivação que outras aplicações estão morrendo. A inovação de outros sistemas muda o pensamento das pessoas e isso provoca a mudança de atitudes. Todos caminham para um único caminho: derrubar, marginalizar e, eu diria, beatificar sistemas que se tornam obsoletos. É a vida, todos nós, homens, máquinas e softwares passaremos por isso. Mas antes que isso ocorra, aproveitamos o prazer de testar algo inovador antes que ele seja descontinuado, logo quero meu iPad 🙂 .